Um dos países que mais inova em sustentabilidade na construção, o Brasil atingiu 1 mil empreendimentos registrados para a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) em 2015, de acordo com o ranking do órgão certificador Green Building Council (GBC) Brasil – o que o coloca na terceira colocação mundial, atrás de Estados Unidos e China.
Este crescente avanço se deve a ações cada vez mais frequentes dos grandes players do setor em busca de mitigar o impacto do setor no meio ambiente. “A indústria da construção acompanha a melhores práticas sustentáveis”, afirmou o diretor do SindusCon-SP na Regional Santos, Ricardo Beschizza, em debate realizado nesta segunda-feira (30) pelo jornal A Tribuna sobre construção sustentável.
De acordo com Beschizza um dos impeditivos da larga aplicação de sistemas produtivos “mais verdes” é o alto custo. “Sustentabilidade não vem sem viabilidade econômica. Começa com o aculturamento e deve ser acompanhado de incentivo tributário do poder público.”
Ainda assim, o setor tem se reinventado constantemente. Segundo Beschizza, cerca de 75% do aço utilizado na construção é fabricado a partir de sucata. “E podemos fazer mais. Um exemplo que poderia ser incentivado no Brasil é o uso de trituradores domésticos para o lixo orgânico, seguido de tratamento em estações instaladas nos condomínios.”
Eficiência e bem estar
Para o arquiteto Paulo Nelson Macuco Araújo, da Paju Engenharia, a construção sustentável começa com a escolha do terreno e o uso eficiente de tecnologia com menos consumo de energia. “Um empreendimento precisa ser operado com inteligência durante sua vida útil.”
Para Araújo, edifícios que promovem ativamente melhorias para a saúde e o bem-estar dos ocupantes deve ser parte integrante de cada projeto. “O conceito é aplicado pela metodologia de certificação WELL, que pensa até na questão nutricional dos futuros moradores”, explicou. “Construção sustentável não é mais diferencial, mas básico.”
Para o professor doutor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Cecília (Unisanta), o Brasil estar se comprometendo com metas de sustentabilidade na Organização das Nações Unidas (ONU) é uma ação importante, mas é preciso mais. “A parte destinada a política pública está escrita, mas falta a parte prática”, disse. “Precisamos viabilizar economicamente, socialmente e politicamente a construção sustentável. A urgência está na porta.”
Exemplo santista
Santos possui alguns exemplos de grande e pequeno portes em construções sustentáveis. O melhor dele é a Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos (UO-BS) da Petrobras. Além de inúmeras certificações, foram gerados 90 mil desenhos do projeto em BIM (Modelagem da Informação da Construção). Esse processo gera uma enorme economia de papel e de erros construtivos, economizando materiais. Das três torres projetadas, apenas uma foi construída até o momento. Cada uma terá capacidade para 2 mil pessoas.
Entre as práticas de sustentabilidade aplicadas no local está a eficiência energética com predominância de uso de luz natural, redução do consumo e reuso de água, recuperação das espécies endêmicas ou em extinção na flora santista, entre outras ações, que viabilizam ao empreendimento a certificação LEED Gold.